quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Um "Neo-Con" patético

Hoje comprei a revista Nova Cidadania, um revista Neo-Conservadora cujo seu director, na boa tradição neo-conservadora que tanto presa (recordo Irving Kristol), foi Maoista e outros "istas" que não vale a pena recordar. O Dossier deste último número (23, Jan./Mar.2005) é sobre o "caso Buttiglione" que não quero recuperar (aliás a revista prima pelo anacronismo). O Director da revista, deve dizer-se, é um "gentleman", fundador do polo português da Winston Churchill Society, que muito presa a cultura inglesa e muito despresa a cultura mediterrânica, em particular a portuguesa. Seguindo esse gosto muito particular afirma no seu artigo intitulado "Rocco Buttiglione: Um Senhor" publicado originalmente em Outubro de 2004 no Expresso (que não leio por princípio):

«Rocco Buttiglione, um scholar distinto, começou por ser submetido a um interrogatório moral absurdo no Parlamento Europeu. Perguntaram-lhe o que pensa do casamento, das mães solteiras e da homossexualidade. Ele podia ter contornado habilmente as questões. Mas é um senhor e respondeu como tal.»

Confesso que fiquei desapontado. Depois do "scholar distinto" esperava qualquer coisa como "Mas como é um Sir" ou "um gentleman". Mas não, saiu um verdadeiro "tripeirismo" (por quem eu tenho uma enorme estima): "Buttiglione? Buttiglione? Buttiglione é um senhor, carago!" expressão que deve ter sido escrita por entre um grande gole num "penalti" de tinto.
Na verdade a patetice é tanta que nem o Sr. Director percebe o quão patético é.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Rato de Livraria

Já está criado o Blogue Rato de Livraria dedicado em exclusividade a coisas relacionadas com a Bibliofilia e o mercado dos livros antigos em Portugal.
Já passaram alguns "posts" por aqui dedicados a essa temática, mas achei que seria útil juntá-los num único espaço por forma a facilitar consultas e leitura para os interessados nestas coisas.
Aceitam-se sugestões de temas para futuros "posts".

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Bibliofilias

No próximo dia 19 de Janeiro vai decorrer um Leilão de Livros na casa leiloeira Leiria & Nascimento.
O leilão será no Pavilhão de Exposições do Instituto de Agronomia - Tapada da Ajuda, e a exposição será Domingo, 16.01, das 15h00 às 20h30 e Segunda-Feira, 17.01, das 10h00 às 20h00.
O responsável pela feitura do Catálogo é José Vicente, proprietário da Livraria Olisipo.

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Militância

Na inocência do adolescente que já fui, encontrei-me um dia com um Partido político do qual fui militante activíssimo. Recordo a primeira vez que entrei no pequeno apartamento que serve de sede. As paredes frias, o mobiliario, saído de uma qualquer agência da Caixa Geral de Depósitos, era de tal maneira belo que apenas se encontrava a cor cinzenta, mesmo na mais colorida das peças. O "salão" com cerca de 20 metros quadrados estava repleto de cadeiras (todas as que existiam na casa) dispostas em filas simetricamente arrumadas. Á frente, na mesa da "presidência" estavam sentadas três pessoas, a do meio, o recém-eleito Presidente da Junta, bramia contente todo o apoio que lhe tinham dado. As outras, nos flancos, fingiam que o mérito devia ser entregue, inteirinho, para o recém-eleito. Sorriam. O resto da sala estava semi-vazia para mim, para o Presidente da Junta, congratulando-se com a vasta audiência, semi-cheia.
Senti-me desapontado. Antes de me tornar militante tinha como paradigma político os discursos na Assembleia da República vazios de ideias, mas cheios de bélicas palavras que ferem e matam o adversário. Durante mais de meia hora trocaram-se elogios, contratulou-se pela vitória eleitoral, deram-se vivas pela derrota do adversário mais temido que governava a Freguesia fazia mais de uma dezena de anos. Ao fim daquela meia-hora, que me pareceu muito mais tempo, acreditei que a militância vivia realmente preocupada com o bem estar da população governada. Imaginei o Presidente da Junta a discursar para o povo ao som de "hurras!", imaginei-o a trabalhar no seu gabinete todos os dias como se fosse o último, imaginei-o a receber a população e a resolver, ou pelo menos procurar resolver os seus problemas. Enfim, imaginei que, afinal, um Partido Político era uma coisa séria, cujo principal objectivo fosse o bem comum e não o seu próprio bem.
Fiquei assustado. Não queria pertencer a um Partido assim. Contava com lutas internas acesas, enormes poças de sangue e muitos mortos que um dia ressuscitam sabe-se lá com que milagre.
PUM! De olhos esbugalhados reparei numa enorme espingarda carregada de farpas que uma senhora trazia. Tinha disparado o engenho. O meu coração batia a mil à hora. O ferido levantou-se, arrancou a farpa do peito. PUM! engenho de novo disparado e mais uma vez o ferido levanta-se. A sala espantada com o herói e com o desaforo da atiradora bramia uivos de guerra enquanto aparecia um arsenal bélico de enorme envergadura. Sozinha, ferida de morte, ainda teve tempo de dizer "eu voltarei!" antes do seu último suspiro. O herói, pensei eu ferido com gravidade, saiu ileso. Trazia consigo um colete à prova de farpas que, orgulhosamente mostrou à audiência eufórica - era o resultado das eleições.
Fiquei aliviado, afinal não se trocavam argumentos. Podia voltar tranquilo.
Voltei e fui sobrevivendo aos ferimentos provocados pelas investidas dos inimigos. Um dia fui brutalmente assassinado por um doutor licenciado em Direito, já a trabalhar num escritório, ao qual lhe faltavam quatro cadeiras para concluir o curso. Ainda pensei defender-me com tal peça de artilharia, mas, esgotado dos ferimentos que me tinham sido infligidos e das cicatrizes de alguns anos de militância activa, lembrei-me da senhora que tinha visto naquela reunião e, também num último suspiro disse: "Eu voltarei...!"

P.S.: Texto dedicado a todos os militantes do PS que, sabe-se lá como, mas sabendo-se muito bem porquê, aparecem nestas alturas com sentimentos muitíssimo altruistas. Ah! Já agora, nunca mais voltei.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

Morte

cezanne.skull


Não acham que isto seria notícia de primeira página em qualquer jornal diário se se tratasse de qualquer outra religião?
Por momentos lembrei-me de Buttiglione assassinado que foi como um mártir apenas por ter cometido o maior dos pecados, ser católico. Que seja. Continuo a não me envergonhar da minha Fé, mesmo não tendo vocação de mártir.