quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Futebolices

Perdoem-me os fanáticos adeptos do Benfica.

Gosto de futebol, repito, de FUTEBOL. Isto é, gosto de ver aquele conjunto de homens a lutar pela posse de uma bola de “catchú”, tratando-a como se da sua amante se tratasse, passando-a pelos adversários num bailado ritmado e atirando-a com mestria e destreza ultrapassando a última das defesas.
Gosto muito do meu clube do coração. Amo o Benfica, e é com muita paixão e sofrimento que vejo os jogos do meu clube. Lembro com saudade os tempos de Magnusson, Thern, Mozer, Ricardo, Veloso, Diamantino, Chalana, Humberto Coelho e Néné, o sempre em pé (não me lembro de lhe ver uma mancha nos calções).
Era novo, muito novo...
Muitos dizem que amam o seu clube. Bom, eu também, e julgo que da maneira mais apaixonada que pode haver. Amo com a força da razão. Amar alguém ou alguma coisa (se tal fosse possível), não é, simplesmente, sentir aquela paixão ardente que nos consome, é usar a força de um coração que bate forte, com o uso de uma razão que a sustenta.
Pois bem, eu vi o Benfica-Porto. Sim, é golo. Aliás, é um frango à Ricardo que alguns tentam esconder. Mas, sinceramente, não foi só isso que eu vi. O que eu vi foi o Porto a dominar a primeira parte, a jogar a seu belo prazer e a fazer daquela equipa o que lhe apetecia. Aproveitou um mau atraso do Fyssas (ou deverei dizer Fossas) e marcou um golo muito bonito. E na segunda, meus senhores, o que eu vi foi um Porto “à Mourinho”, frio, à espera, dando a sensação de vantagem a uma equipa que, atabalhoadamente procurava o golo sem saber muito bem como.
Talvez não merecessemos perder, não questiono, mas do que vi, também não fizemos nada para ganhar.
E o que me entristece mais é que temos um lote de jogadores que não são maus de todo, mas que, em momentos cruciais, tremem que nem varas verdes. De que serve o talento se não for acompanhado de cérebro? Simão é o melhor exemplo de todos. Capaz de momentos de verdadeiro talento, de verdadeira “arte futebolística”, quando chegam os jogos em que mais se precisa dele... PUFF! É um ar que se lhe deu. Nuno Gomes? Bom, já nem aquilo que fazia bem – segurar a bola e passá-la com mestria – é capaz. Ficou muito melhor o Benfica depois de ter sido expulso (muito bem expulso, diga-se). Petit, talvez cansado do jogo de 4.a feira, não foi o costumeiro “pau para toda a recuperação”, e Manuel Fernandes, talvez muito verde para estes embates, foi uma sombra do que já demonstrou poder fazer.
Enfim, o Benfica que eu vi não mereceu ganhar. E não se esqueçam, eu gosto de FUTEBOL, não dos árbitros e/ou dirigentes.
E com tudo isto, uma cortina de fumo se levantou. É que, meus senhores, está aí o Orçamento de Estado. Talvez JPP tenha razão, fala-se demais sobre futebol neste país...

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