terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Caminhar



Recupero esta foto obtida há quase um ano. O meu antigo Prior apresentava, vejo hoje, os primeiros sinais da doença que mais tarde se veio a manifestar de forma trágica, com consequências para toda a sua vida futura. Não posso deixar de pensar nele quando recupero estas fotos mais anigas.

Foi o grande responsável por trazer de volta o meu gosto pela fotografia e, acima de tudo, foi ele que me ensinou que fotografamos o que nos apetece, sem nenhuma preocupação que não a nossa sensibilidade, direi assim, artística.

Nenhum de nós teve alguma vez a pretensão de ser Fotógrafo com F maiúsculo. Limitávamo-nos a levar o nosso equipamento e fotografar a nosso belo prazer sem pensar sequer o que dali iria sair. Foi o descobrir que, mais que no resultado, para um amador o encanto da fotografia está na descoberta do mundo que nos rodeia através do seu olhar único.

Talvez por ser o último passeio que efectuei com ele o recorde com maior fervor e saudade. Mas também, não posso deixar de o dizer, por esta temática do caminho ser para mim motivo de reflexão constante desde que me converti ao Catolicismo.

Caminhar é uma das palavras que mais recorrentemente se diz nas homilias, nas catequeses, até nos Evangelhos. Não pode ser por acaso. De facto, é quando nos pomos ao caminho que encontramos a realização dos nossos objectivos quer profissionais, afectivos ou religiosos. Sem caminhar num qualquer sentido, jamais chegaremos ao destino que nos espera ansioso.

Podemos ficar sentados, à espera de uma boleia apanhada num qualquer comboio com destino incerto, levando-nos para onde ele quer. Ou, ao invés, podemos sair pela porta caminhando pelos nossos próprios pés pelos trilhos que escolhemos. E se por vezes, a boleia que apanhamos de alguém é importante para reencontrarmos o trilho certo, é na escolha do nosso próprio caminho que nos transformamos em seres plenos e cheios de vida.

Imfelizmente para alguns, como no caso do meu antigo Prior, infortúnios os levam a percorrer caminhos dos quais nem sequer têm consciência estarem a percorrer. É o acaso da doença que o guia agora, com tudo o que de trágico isso representa. Deus queira possa algum dia voltar a reconhecer-se como pessoa e com isso reconhecer o mundo que tantas vezes viu através da sua objectiva.

1 comentário:

Anónimo disse...

Deus queira q o teu antigo prior melhore...
Ás vezes perguntamo.nos pq temos de passar por certas e determinadas coisas...já q a vida é dura o suficiente...Resta.nos aceitar...